Recentemente, o cantor canadense Justin Bieber, uma das grandes atrações da edição do festival musical Rock in Rio de 2022, anunciou em suas redes sociais que o seu rosto estava parcialmente paralisado devido à síndrome de Ramsay Hunt.
Tal condição médica ocorre com a infecção por herpes-zóster e afeta o nervo facial perto de um dos ouvidos.
Veja quais são os principais fatores de risco dessa espécie de infecção e saiba quais são os principais sintomas dessa doença.
O que é herpes-zóster?
Herpes-zóster é uma infecção que resulta da reativação do vírus da varicela zóster de seu estado latente em um gânglio da raiz dorsal posterior.
Em outras palavras, o herpes-zóster, também conhecido como cobreiro, é uma doença causada pelo mesmo vírus causador da catapora, que é reativado em algumas situações.
Segundo especialistas, as regiões mais acometidas pelo herpes-zóster são o tórax e a face.
O que é a síndrome de Ramsay Hunt?
Quando a reativação do vírus varicela-zóster ocorre no nível do gânglio geniculado do nervo facial, a doença passa a ser denominada de síndrome de Ramsay Hunt. Por essa razão, essa enfermidade também é conhecida como herpes-zóster do ouvido.
A síndrome de Ramsay Hunt é uma infecção do nervo facial e auditivo que provoca paralisia facial, problemas de audição, vertigens e o surgimento de manchas ou bolhas vermelhas no canal auditivo ou na região da orelha.
Quais são os sintomas da síndrome de Ramsay Hunt?
Dentre os principais sintomas causados pela herpes-zóster, destacam-se:
- lesões cutâneas em formas de pequenas bolhas que geralmente ficam localizadas e restritas a um lado do corpo, seguindo um dermátomo, ou seja, uma faixa pelo corpo;
- ardência e coceira local;
- hipertermia (febre);
- cefaleia (dor de cabeça);
- mal-estar;
- dor intensa no local em que as lesões de pele se formaram;
- parestesias, como formigamento, agulhadas e adormecimento.
Não obstante, a manifestação da herpes-zóster na forma da síndrome de Ramsay Hunt pode incluir ainda os seguintes sintomas:
- paralisia da face;
- dor de ouvido;
- perda auditiva;
- zumbido nos ouvidos;
- dificuldade em fechar um olho;
- vertigem;
- mudança ou perda do paladar;
- boca e olhos secos.
Como surge a síndrome de Ramsay Hunt?
Depois que a pessoa se contamina com o vírus varicela zoster e desenvolve a catapora, esse mesmo vírus pode ficar latente por anos, nos gânglios do sistema nervoso.
Nesse contexto, a reativação desse vírus pode ocorrer por diversas razões, como a baixa imunidade associada a outros fatores como o estresse da rotina.
Por essa razão, vem crescendo o número de registros de pessoas mais jovens desenvolvendo herpes-zóster e, alguns casos mais raros, a síndrome de Ramsay Hunt.
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Como se contrai herpes-zóster?
Antes de mais nada, é importante destacar que não se contrai herpes zoster e sim o vírus varicela-zóster.
Nessa via, todos aqueles que já tiveram catapora, independente da idade, podem vir a ter herpes-zóster.
Contudo, quando um adulto que nunca teve catapora tem contato com alguém infectado pelo vírus, este indivíduo pode se contaminar, porém, irá desenvolver primeiro a catapora.
Nesses casos, a transmissão do vírus ocorre por meio de contato direto com a pele ou secreções respiratórias.
Logo, crianças e adultos que nunca tiveram catapora devem manter distância de quem está contaminado com a catapora e herpes zoster, evitando contato com objetos pessoais, roupas de cama, entre outros.
O herpes-zóster é contagioso?
Sim. Enquanto as lesões da pele ainda não estiverem secas, a doença é contagiosa, porém, apenas entre pessoas que nunca tiveram catapora e que entram em contato com o conteúdo das vesículas do herpes-zóster.
É possível ter herpes-zóster mais de uma vez?
Sim. A condição pode acontecer mais de uma vez, principalmente em pacientes imunodeprimidos como, por exemplo, pessoas vivendo com HIV.
Qual a diferença entre a catapora e o herpes-zóster?
Tanto a catapora como a herpes-zóster são provocados pelo vírus varicela-zóster (herpes-vírus humano tipo 3).
No entanto, a catapora é a fase aguda e primária da infecção pelo vírus. Já o herpes-zóster representa a reativação do vírus da fase latente.
Vale acrescentar que enquanto a catapora costuma ocorrer na infância, o herpes-zoster aparece principalmente nos adultos e idosos, pois é quando o vírus apresenta uma reativação.
Quais são os principais fatores de risco do herpes-zóster?
De acordo com especialistas, os maiores fatores de risco da herpes zoster são:
- idade acima de 50 anos;
- estresse físico ou psicológico;
- diabetes;
- câncer;
- quimioterapia e medicamentos que reduzem a imunidade;
- doenças crônicas;
- HIV/aids.
Como é feito o diagnóstico do herpes-zóster?
O diagnóstico do herpes-zóster é baseado na análise dos sintomas apresentados pelo paciente.
Para constatar a doença, podem ser realizados exames laboratoriais como o PCR, para o DNA do varicela-zóster, e a imunofluorescência direta, para o antígeno do vírus.
Quais são as principais complicações do herpes-zóster?
Além da síndrome de Ramsay Hunt, existem outras complicações advindas dessa infecção, entres as quais, destacam-se:
- Neuralgia pós-herpética (NPH) – uma complicação que afeta os nervos e a pele, causando o surgimento de uma sensação constante de queimação no corpo, mesmo depois das lesões causadas pelo vírus do herpes-zóster terem desaparecido;
- Infecção bacteriana secundária de pele – impetigo, abcessos, celulite, erisipela, causadas por Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes, entre outras, e que podem levar a quadros sistêmicos de sepse, como artrite, pneumonia;
- complicações oftalmológicas – como necrose aguda da retina, conjuntivite e esclerite;
- varicela hemorrágica ou disseminada – em pessoas que possuem sistema imunológico comprometido;
- ataxia cerebelar aguda – que pode comprometer a coordenação do indivíduo.
Como é feito o tratamento do herpes-zóster?
Para pessoas sem risco de agravamento, o Ministério da Saúde recomenda apenas o tratamento sintomático.
Em pessoas com risco de agravamento, é recomendado o uso de antivirais, como o Aciclovir, Valaciclovir ou Fanciclovir.
Vale destacar que todo tipo de tratamento e/ou medicamento para controlar a infecção causada pela herpes-zóster deve ser indicado por um médico.
Como prevenir o herpes-zóster?
A única forma de evitar a doença é por meio da vacina contra o herpes-zóster.
Atualmente, existem dois tipos de vacinas disponíveis. São elas:
- vacina viva atenuada – é administrada em dose única e recomendada para pessoas a partir de 50 anos de idade. Aqueles que apresentaram quadro agudo de herpes-zóster devem aguardar o intervalo de 12 meses antes da aplicação desta vacina;
- vacina recombinante inativada – é administrada em duas doses, com intervalo de oito semanas. Indicada para pessoas a partir de 50 anos e também para aquelas maiores de 18 anos que tenham condição de imunossupressão. A vacina herpes-zóster recombinante pode ser aplicada após 6 meses do quadro agudo da doença ou em casos específicos, logo após a sua resolução.
É importante salientar que a vacina contra a herpes-zóster não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), portanto, somente é possível adquiri-la na rede privada.
Por fim, vale lembrar que as crianças que foram vacinadas contra a catapora têm menos chance de contrair o herpes-zóster e que a probabilidade de sofrer com a reativação do vírus aumenta após os 60 anos. Portanto, a vacina é extremamente importante!
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