Um caso recente envolvendo o Itaú Unibanco destaca as falhas gritantes que podem ocorrer mesmo em um dos maiores bancos do Brasil, resultando em um prejuízo significativo para as vítimas de golpe de cartão de crédito.
Tudo começou em uma tarde como qualquer outra, quando a consumidora decidiu realizar um saque de R$100,00 em um caixa eletrônico 24 horas. Mas, o que deveria ser uma operação simples transformou-se rapidamente em um pesadelo.
O caixa não concluía a operação e, nesse momento, um indivíduo se aproximou oferecendo ajuda.
Alegando que seria necessário atualizar os dados do cartão para concluir a transação, ele não levantou suspeitas imediatas. Porém, momentos após essa interação, a consumidora recebeu uma notificação via SMS sobre uma compra de R$9.152,38 feita em seu cartão de débito.
Alarmada, ela prontamente respondeu negando a autenticidade da transação. Contudo, para sua surpresa, o banco não agiu para bloquear a compra ou reverter a operação, marcando o início de uma série de eventos frustrantes.
Minutos depois, mais duas tentativas de compras no cartão de crédito foram realizadas, nos valores de R$2.155,52 e R$2.200,00. Felizmente, estas transações foram negadas.
No entanto, uma terceira compra, de R$4.615,52, foi estranhamente aprovada pelo sistema do banco, mesmo após as duas tentativas anteriores terem sido bloqueadas.
O desespero e a busca por soluções
A vítima imediatamente contatou o banco para bloquear o cartão e registrou um boletim de ocorrência, crente de que a instituição financeira poderia te ajudar a lutar contra essa injustiça.
O Itaú Unibanco, como muitos outros bancos, possui sistemas de segurança que deveriam detectar e impedir transações fraudulentas. No entanto, a falha expôs a consumidora a um golpe significativo, causando-lhe um prejuízo total de R$13.767,90.
Ela tentou resolver a situação diretamente com o Itaú através dos canais de atendimento disponíveis. O banco, no entanto, alegou que as transações eram legítimas, mesmo quando estas não correspondiam ao seu perfil de consumo habitual.
Embora existam diversos órgãos de proteção ao consumidor, como o Reclame AQUI, o Consumidor.gov e o Procon, nem sempre estas opções são suficientes para resolver questões tão complexas e delicadas.
Por isso, ela optou por seguir a via judicial, ingressando com uma ação declaratória de inexigibilidade de débito para reaver os valores perdidos.
Também pode te interessar:
A decisão judicial contra o Itaú
O Tribunal de Justiça de São Paulo, em sua decisão, reconheceu a falha do banco na prestação de serviços, destacando que a falta de resposta adequada às notificações de SMS e a autorização indevida de transações claramente fora do perfil de consumo da cliente configuravam uma grave negligência.
O Tribunal decidiu a favor da consumidora, determinando que o banco ressarcisse os valores das transações indevidas.
A decisão foi fundamentada no Código de Defesa do Consumidor (CDC), que estabelece a responsabilidade objetiva das instituições financeiras por danos causados aos seus clientes.
O banco, além de restituir os valores, foi condenado a pagar custas processuais e honorários advocatícios.
Um sistema falho
A história de nossa protagonista não é isolada. Diariamente, inúmeros consumidores enfrentam situações semelhantes, onde a confiança depositada nos bancos é traída por falhas sistêmicas e negligência.
É imperativo que as instituições financeiras revisem e fortaleçam seus mecanismos de segurança, garantindo que seus clientes não sejam deixados à mercê de golpistas.
A justiça, neste caso, serviu seu propósito, mas o trauma e o estresse enfrentados pela consumidora são lembranças persistentes de uma experiência que não deveria ter acontecido.
Apelação Cível nº 1051800-41.2023.8.26.0100