Recentemente, um grupo de passageiros que comprou passagens aéreas através de agência de turismo para voar com a British Airways experimentou uma verdadeira odisseia ao enfrentar o cancelamento de seu voo.
Eles tinham planos meticulosamente elaborados para visitar Paris em janeiro de 2022, mas, no dia da viagem, foram surpreendidos com a notícia de que seu voo havia sido cancelado.
O valor investido foi significativo, totalizando R$107.805,05, e a resposta inicial das empresas foi a oferta de um crédito para futuras viagens até setembro de 2023. No entanto, esse crédito nunca foi disponibilizado, deixando os consumidores frustrados e sem alternativas imediatas.
Os passageiros tentaram resolver o problema diretamente com a British Airways e a agência, na esperança de obter o reembolso ou uma solução viável. A companhia aérea informou que o cancelamento se deu por motivos operacionais e que as agências de turismo foram notificadas prontamente.
Além disso, a British Airways alegou que a família dos passageiros desistiu de reemitir os bilhetes após o cancelamento, complicando ainda mais a situação.
A agência, por sua vez, argumentou que não tinha responsabilidade direta sobre o cancelamento, pois atuava apenas como intermediária na venda dos bilhetes. Ambas as empresas contestaram a responsabilidade pelo reembolso integral.
Disputa judicial contra a British Airways e a Agência de Turismo
Sem sucesso nas tentativas de resolução amigável, os passageiros decidiram buscar a orientação de um advogado especializado em direitos do consumidor e ações contra companhias aéreas. Foi então que decidiram entrar com uma ação judicial para garantir seus direitos.
A situação vivida pelos passageiros é um exemplo claro de como as falhas operacionais e a má gestão de reembolsos podem causar prejuízos significativos aos consumidores. O cancelamento do voo pela British Airways, seguido pela promessa não cumprida de reembolso através da agência, mostrou uma falta de consideração pelas necessidades e direitos dos passageiros.
O valor substancial de R$107.805,05 investido pelos passageiros foi deixado em aberto por um longo período, causando não apenas transtornos financeiros, mas também emocionais. As empresas envolvidas tentaram se eximir de suas responsabilidades, deixando os passageiros sem outra alternativa senão buscar justiça através de uma ação judicial.
O caso foi levado ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, onde os passageiros buscaram a condenação das rés ao pagamento de indenização pelos danos materiais sofridos. Durante o processo, a British Airways apresentou contestação, mas não conseguiu comprovar que havia efetuado os reembolsos devidos.
A British Airways e a agência apresentaram suas defesas, argumentando que a responsabilidade pelo cancelamento e pelo reembolso não era delas. A British Airways alegou que parte dos bilhetes havia sido reembolsada e que a agência de viagens não tinha fornecido os documentos necessários para concluir o restante dos reembolsos.
Após uma análise detalhada dos fatos, o juiz decidiu em favor dos passageiros. O tribunal reconheceu a relação de consumo entre as partes e a responsabilidade solidária das empresas envolvidas.
A decisão foi clara: ambas as empresas deveriam ressarcir os passageiros pelo valor total de R$107.805,05, corrigidos monetariamente e com juros de mora de 1% ao mês desde a data da citação.
Essa decisão não só garantiu a compensação financeira para os passageiros, mas também reforçou a importância da assistência jurídica em casos de litígio contra grandes companhias aéreas.
Principais detalhes do caso
A sentença foi proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, na 6ª Vara Cível, sob o número do processo 1060034-12.2023.8.26.0100, julgado pela juíza Renata Barros Souto Maior Baiao em 20 de junho de 2024. A sentença ainda está sujeita a recurso, permitindo que as empresas recorram aos tribunais superiores.
Este caso ressalta a importância crucial da assistência jurídica para consumidores lesados. Sem a orientação de advogados especializados, os passageiros poderiam ter enfrentado ainda mais dificuldades para reivindicar seus direitos.
A decisão favorável não apenas garantiu o reembolso devido, mas também estabeleceu um precedente importante para outros consumidores que possam enfrentar situações semelhantes.
A justiça serviu como um meio de equidade, garantindo que os passageiros fossem devidamente compensados pelo tratamento inadequado e pelas falhas das empresas. A ação judicial destacou a necessidade de uma abordagem proativa e bem informada ao lidar com disputas de consumo, especialmente em casos que envolvem grandes corporações.