Recentemente, um caso envolvendo um atraso de 43 horas em voo da British Airways trouxe à tona a importância de se buscar os direitos dos consumidores em situações de má prestação de serviços aéreos.
A decisão judicial favorável resultou em uma indenização de R$8.000,00 para cada um dos passageiros, reconhecendo os danos causados pela companhia.
Tudo começou com um voo que partia de Genebra, na Suíça, com destino a São Paulo, Brasil, com uma conexão programada em Londres. Os passageiros embarcaram no voo inicial no dia 16 de janeiro de 2023, com a expectativa de chegar ao Brasil na manhã do dia seguinte.
No entanto, logo no início da viagem, o voo da British Airways sofreu um atraso de duas horas, o que fez com que os viajantes perdessem a conexão em Londres.
Ao perceberem que o atraso comprometeria o restante da viagem, os passageiros buscaram auxílio junto à companhia aérea, que os realocou para um novo voo. Infelizmente, o problema estava apenas começando.
Depois de perderem a conexão inicial, os passageiros foram informados de que o próximo voo partiria no dia seguinte, 17 de janeiro. No entanto, esse voo foi cancelado por problemas técnicos na aeronave. A solução apresentada pela companhia aérea foi a de esperar mais um dia para embarcar em outro voo, que, finalmente, decolaria em 18 de janeiro.
Essa sequência de eventos resultou em 43 horas de atraso, com a chegada ao destino final ocorrendo muito além do esperado.
Embora a British Airways tenha providenciado hospedagem e alimentação para os passageiros durante esse período, essa assistência foi considerada insuficiente pelos viajantes. Eles alegaram que os custos com alimentação ultrapassaram o oferecido pela empresa, gerando gastos adicionais, inclusive com bebidas alcoólicas e outros itens.
Essa falha no atendimento básico somada à frustração de ter seus compromissos afetados pelo longo atraso levou os passageiros a buscar um advogado especializado em direitos do consumidor. Era evidente que a única alternativa seria recorrer à Justiça.
Busca por Justiça e ação judicial
Cansados da espera e do desconforto, os passageiros decidiram procurar um advogado especializado, visando a reparação pelos danos sofridos. Eles entraram com uma ação contra a British Airways, reivindicando indenização por danos morais e materiais, alegando que a assistência prestada durante o atraso foi insuficiente e que o impacto do atraso foi significativo.
Na ação, a British Airways se defendeu afirmando que ofereceu a assistência devida, fornecendo alimentação e hospedagem aos passageiros. Alegou também que o cancelamento do voo se deu por razões operacionais fora de seu controle, justificando assim a demora.
A defesa da companhia aérea se concentrou em justificar que os problemas enfrentados pelos passageiros foram causados por questões técnicas inevitáveis e que ela cumpriu com suas obrigações de assistência, fornecendo hospedagem e alimentação. No entanto, a empresa argumentou que os valores adicionais gastos pelos passageiros com alimentação, como vinhos e outros itens supérfluos, não eram de responsabilidade da companhia.
Mesmo com essa argumentação, a falha na prestação do serviço de transporte foi inquestionável, o que fundamentou a decisão judicial em favor dos passageiros.
Decisão judicial: indenização por delay de 43 horas
O Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceu a falha na prestação do serviço e entendeu que o atraso de 43 horas em voo resultou em um dano moral “in re ipsa”, ou seja, um dano presumido que não necessita de prova adicional. A longa espera e os transtornos causados pela situação ultrapassaram o mero aborrecimento, justificando uma reparação financeira.
Dessa forma, o tribunal determinou o pagamento de R$ 8.000,00 a título de indenização por danos morais para cada passageiro envolvido, totalizando uma compensação significativa pela má experiência vivida. A decisão levou em consideração precedentes de casos similares, nos quais o valor de R$ 8.000,00 foi considerado razoável para compensar os danos sofridos pelos passageiros sem ocasionar enriquecimento indevido.
Casos como esse reforçam a importância de contar com a orientação de um advogado especializado em direitos do consumidor e ações contra companhias aéreas. Mesmo com a assistência oferecida pela empresa, muitas vezes ela é insuficiente para cobrir os prejuízos reais enfrentados pelos passageiros, tanto do ponto de vista financeiro quanto emocional.
O advogado desempenha um papel crucial ao auxiliar os clientes a reunirem as provas necessárias e apresentarem seus argumentos de forma eficaz perante o tribunal. Sem esse apoio, os passageiros poderiam ter dificuldade em obter a reparação justa para o caso.
Essa sentença reforça o entendimento de que atrasos significativos em voos, especialmente aqueles causados por problemas técnicos internos, configuram falha na prestação do serviço e justificam a compensação por danos morais.
Principais informações do caso
A decisão proferida no processo nº 1033855-41.2023.8.26.0100, julgado pela 21ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, em 31 de julho de 2024, é uma vitória importante para os consumidores que enfrentam problemas com companhias aéreas. O julgamento ainda está sujeito a recurso por parte da British Airways, que pode levar o caso às instâncias superiores.